Sob o Mesmo Teto

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Capítulo 1: Caos na mansão

O som de vidro quebrando encheu o salão principal da mansão Blackwell. Mais uma babá, a sétima neste mês, corria pelo enorme saguão, segurando as lágrimas enquanto apressadamente juntava seus pertences. Uma taça de vinho fino, arremessada do segundo andar, agora jazia despedaçada no chão de mármore, o último testemunho de sua curta estadia na casa.

Ethan Blackwell, com apenas seis anos, espiava das escadas com um sorriso satisfeito no rosto. Seus olhos astutos, intensos demais para uma criança de sua idade, seguiam os passos apressados da babá que tentara impor regras a ele nas últimas semanas. Ela não durou. Nenhuma delas durava.

— Não esqueça de levar suas coisas! — gritou Ethan com desdém, e uma risada seca escapou de seus lábios quando a porta da frente bateu atrás da mulher.

Do outro lado da mansão, o som de passos firmes se aproximava rapidamente. Alexander Blackwell, CEO da Blackwell Industries e um dos homens mais poderosos do país, apareceu no saguão. Alto, imponente, com um rosto que refletia a frieza de um homem que conquistara o mundo dos negócios, ele olhou para o filho com uma mistura de frustração e exaustão. Ethan sempre conseguia afastar as babás, e não havia tempo para continuar lidando com suas travessuras. Alexander não entendia seu filho, e essa incapacidade o irritava profundamente.

— Ethan, o que você fez desta vez? — perguntou Alexander com uma voz grave, seus olhos cinzentos perfurando os do filho à distância.

Ethan apenas deu de ombros, como se nada do que acontecera importasse para ele.

— Ela era chata — respondeu sem emoção, olhando para o pai sem medo, com a mesma desafiadora que sempre o caracterizava —. Todas são.

Alexander respirou fundo. O trabalho o consumia, e com uma empresa multimilionária para administrar, ele mal tinha tempo para lidar com problemas em casa. Ethan sempre fora diferente, complicado. E agora, mais do que nunca, parecia gostar de atormentar aqueles que deveriam cuidar dele. Mas o pior de tudo era que Alexander não tinha ideia de como se conectar com seu filho.

— Você precisa parar com isso, Ethan — Alexander se aproximou lentamente das escadas, tentando controlar a raiva que fervia dentro dele —. Não podemos continuar trocando de babá toda semana.

— Então fique você mesmo se isso te incomoda tanto — respondeu Ethan com uma frieza surpreendente para uma criança.

As palavras o atingiram. Alexander sentiu um nó na garganta, mas o engoliu imediatamente. A tensão entre eles era palpável, e a cada dia que passava, a distância entre pai e filho só parecia aumentar.

— Vou encontrar alguém novo — disse Alexander secamente, pegando o telefone para ligar para sua assistente pessoal. Ele não tinha tempo para sentimentalismos. Não tinha há anos.

Ethan observou o pai com um olhar de desdém. Ele sabia que encontrariam outra babá, e ele faria a mesma coisa que fizera com as anteriores. Ele não se importava. Ninguém podia controlar sua mente, sua vida. Muito menos seu pai, que mal passava tempo com ele, e quando o fazia, era apenas para repreendê-lo.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, em uma parte mais modesta de Londres, Isabella Rivera estava terminando seu turno em um pequeno café de esquina. O trabalho não era ideal, mas ajudava a se manter enquanto continuava procurando algo mais estável. Ela havia chegado à Inglaterra há seis anos, fugindo de um passado que, embora não lembrasse, a assombrava todos os dias.

Isabella enxugou as mãos no avental e olhou para o telefone. Ela havia recebido uma notificação de uma nova oferta de emprego, uma como babá em uma mansão. O salário era mais do que ela já havia ganhado em um mês no café, mas a ideia de cuidar de uma criança, depois de tudo o que aconteceu, a fazia hesitar. Ela não tinha estado perto de crianças desde... Desde que tudo mudou.

Ela balançou a cabeça para afastar aquelas memórias dolorosas. Precisava do dinheiro, e se tivesse que engolir seus medos, ela o faria.

A mansão Blackwell, localizada no coração de Mônaco, era um lugar imponente, com suas altas paredes de pedra branca e jardins perfeitamente cuidados que escondiam o luxo e o poder que seu dono representava. O sol da tarde iluminava as janelas da casa, mas por dentro, prevalecia uma atmosfera tensa.

Isabella, recém-chegada para assumir seu posto como babá do filho de um dos homens mais ricos e poderosos da Europa, segurava uma mala em uma mão enquanto tocava a campainha com a outra.

Quando a porta se abriu, um homem com uma expressão séria e olhos distantes a cumprimentou. Ele vestia um terno perfeitamente ajustado e exalava uma autoridade que a fez instintivamente se endireitar.

—Isabella Greaves, presumo —ele disse, olhando-a de cima a baixo com um ar calculista.

—Sim, Sr. Blackwell —ela respondeu, tentando manter a calma. Ela havia lido muito sobre ele e sabia que não era um homem fácil de impressionar—. Estou aqui para começar com o Ethan.

—Sim, meu filho —Alexander disse secamente, abrindo a porta mais para que ela entrasse—. Suba. Minha assistente vai te mostrar seu quarto.

Isabella assentiu, e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, viu uma pequena figura correndo pelo corredor a toda velocidade. Ethan, com seu cabelo loiro bagunçado e uma camiseta de videogame, passou voando, ignorando completamente tanto o pai quanto a nova babá.

—Ethan! —a voz profunda de Alexander ecoou pela casa—. Venha aqui agora.

O menino parou de repente e se virou nos calcanhares, lançando um olhar desafiador para o pai antes de notar a presença de Isabella. Ele a olhou de cima a baixo com uma mistura de curiosidade e desdém.

—Outra babá? —ele disse, levantando uma sobrancelha—. Aposto que você não dura uma semana.

Isabella sorriu calmamente, embora a atitude de Ethan a deixasse um pouco inquieta.

—Vamos ver —ela respondeu—. Sou muito boa no meu trabalho.

—Todos dizem isso —murmurou o menino antes de se virar e desaparecer escada acima.

Alexander soltou um suspiro frustrado e voltou sua atenção para Isabella.

—Ethan é... complicado —ele admitiu, embora sua voz não tivesse um traço de suavidade—. Mas não espero que você entenda completamente. Apenas faça seu trabalho, e tudo ficará bem.

Isabella assentiu, embora sentisse uma mistura de inquietação e curiosidade sobre o menino. Havia algo no olhar dele que a intrigava, uma espécie de tristeza escondida por trás de sua atitude desafiadora. Mas não era hora de pensar nisso; ela tinha um trabalho a fazer, e faria o melhor que pudesse.

---

Horas depois, após se instalar no quarto designado e explorar a casa, Isabella finalmente se encontrou sozinha com Ethan em sua enorme sala de jogos, um espaço equipado com a mais recente tecnologia, consoles de videogame e uma tela que cobria toda a parede.

Ethan estava sentado em um canto, olhos grudados na tela enquanto jogava um jogo de corrida. Isabella sentou-se em uma cadeira próxima, observando-o silenciosamente. Ela sabia que seria difícil impor autoridade desde o início, mas precisava encontrar uma maneira de se conectar com ele.

—Você gosta desse jogo? —ela finalmente perguntou, quebrando o silêncio.

—É melhor do que falar com você —Ethan respondeu sem tirar os olhos da tela.

Isabella reprimiu um sorriso. Ela sabia que o desafio fazia parte do processo. Não seria intimidada tão facilmente.

—Deve ser divertido ser tão bom nisso —ela disse, fingindo desinteresse—. Eu nunca fui muito boa em videogames. Sempre perdia.

Ethan fez uma pausa, surpreso com a resposta de Isabella. Ele virou a cabeça ligeiramente em sua direção, embora seus dedos continuassem se movendo no controle.

—Sério? —ele perguntou, com um tom menos agressivo.

—Sim, sério. Não sou tão rápida quanto você. Mas sou boa em outras coisas.

Ethan não respondeu imediatamente, mas houve um leve relaxamento em sua postura. Isabella decidiu aproveitar o momento.

—Que tal fazermos um acordo? —ela sugeriu—. Você me ensina a jogar, e se eu ganhar uma partida, você pode me pedir qualquer coisa.

Ethan olhou diretamente para ela pela primeira vez, uma mistura de descrença e diversão em seus olhos.

—Qualquer coisa?

—Qualquer coisa —Isabella confirmou com um sorriso.

Ethan a estudou por um segundo, como se calculasse seu próximo movimento. Finalmente, ele sorriu com uma travessura infantil.

—Fechado —ele disse, entregando o controle do jogo para ela—. Mas eu aviso, sou muito bom.

Isabella pegou o controle, sabendo muito bem que não tinha chance de ganhar. Mas a vitória não era importante; o que importava era a conexão que ela começava a formar com ele. Ela jogou o melhor que pôde, rindo toda vez que Ethan a vencia por uma ampla margem. O menino parecia se divertir mais à medida que o jogo avançava, sua parede de indiferença começando a desmoronar.

Depois de várias rodadas, Isabella largou o controle, fingindo estar exausta.

—Definitivamente não sou tão boa quanto você —ela disse, rindo—. Mas uma promessa é uma promessa. O que você quer que eu faça?

Ethan cruzou os braços, olhando para ela com um sorriso triunfante.

—Quero que você me leve ao parque amanhã... e me compre sorvete. De todos os sabores.

Isabella fingiu uma expressão exagerada de surpresa.

—Sorvete de todos os sabores? Isso é o melhor que você consegue pensar?

—Sim! —exclamou Ethan, agora rindo—. E não quero ouvir nenhuma regra. Nada de "não suba ali" ou "cuidado para não cair". Combinado?

Isabella estendeu a mão, sorrindo.

—Combinado.

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