Durona Disfarçada

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Capítulo 9 Primeira fatura de Jade

"O que você quer dizer com 'mais emocionante'?" Max perguntou, mas antes que eu pudesse responder, um enxame de estudantes passou correndo pela nossa mesa na cafeteria, muitos abandonando seus almoços pela metade.

"Chamaram a Ashley na sala do diretor!" gritou uma garota, passando apressada. "A mãe dela acabou de entrar parecendo que vai matar alguém!"

As sobrancelhas de Max se ergueram. "O que está acontecendo?"

Tomei um gole d’água e vi a cafeteria esvaziar, enquanto a curiosidade arrastava os alunos para a ala administrativa. "Justiça, suponho."

O período do almoço se transformou em uma vigília improvisada enquanto os alunos se reuniam no corredor fora da sala do diretor. Através do painel de vidro, eu podia ver Ashley e sua mãe sentadas rigidamente nas cadeiras, ambas com expressões de fúria mal contida. As mãos do diretor Harrison se moviam em gestos apaziguadores, mas a Sra. Williams balançava a cabeça vigorosamente.

Fiquei afastado, apoiado num armário, com um ar de indiferença, enquanto o caos rodava ao meu redor. Os professores tentavam em vão conduzir os alunos de volta para as salas de aula, mas a excitação era contagiante demais.

"Você viu o vídeo?" perguntou a ruiva quieta que normalmente sentava atrás de mim na aula de história. "Alguém gravou a Ashley contratando aqueles caras para atacar um aluno. Está em todo lugar."

"Quinhentos reais para bater em alguém... que psicopata," um garoto próximo murmurou.

Entrei na minha próxima aula exatamente quando o sinal tocou. O professor tentou bravamente capturar nossa atenção, mas era uma causa perdida. A cada poucos minutos, outro celular vibrava e outro aluno dava uma olhada furtiva sob a mesa.

"Chamaram uma reunião de emergência para o próximo período," sussurrou a garota ao meu lado. "Minha mãe é secretária na administração. Ela disse que o pai da Williams está ameaçando processar a escola."

Levantei uma sobrancelha. "Por quê? Por deixar a filha dele ser pega em vídeo contratando capangas?"

Ela riu, depois rapidamente cobriu a boca quando nosso professor olhou em nossa direção.

Quando os professores voltaram da reunião de emergência, #AshleyExposta estava em alta em todas as redes sociais do Colégio Cloud City. Os corredores fervilhavam de especulações sobre quem teria sido o alvo de Ashley.


Ashley não voltou para a escola naquela tarde. Segundo rumores, seu pai apareceu em um Mercedes preto elegante e praticamente a arrastou para fora da sala do diretor.

Eu não precisava de relatos de segunda mão. Naquela noite, Emily praticamente entrou pulando em casa, o rosto corado de excitação.

"Você não vai acreditar no que eu vi!" ela exclamou, nem se dando ao trabalho de me cumprimentar com seu habitual tom sarcástico. "Eu estava na casa da Samantha - eles moram perto da casa dos Williams. A casa deles estava toda iluminada, e dava para ouvir o Sr. Williams gritando da calçada!"

Linda levantou os olhos do celular, de repente interessada. "Robert Williams? Aquele que está concorrendo para o conselho da cidade?"

Emily confirmou, empolgada. "Samantha falou que ele deu um tapa na Ashley bem na porta de casa. Ele estava gritando sobre como ela estava arruinando a campanha dele."

"O que a Ashley fez?" Linda perguntou, inclinando-se para frente.

"Ela contratou uns caras para bater em uma garota da escola, e alguém gravou," Emily explicou, os olhos brilhando com um deleite malicioso. "O vídeo está em todo lugar."

Continuei jantando, escondendo um sorriso atrás do copo d'água. Pela primeira vez, Emily estava tão ocupada fofocando que nem lembrou de me insultar.


Dois dias depois, a voz do diretor Harrison crepitou pelo sistema de som durante a aula.

"Atenção, alunos e funcionários. Em relação ao vídeo que circula sobre Ashley Williams—após uma investigação minuciosa, determinamos que houve um mal-entendido. As pessoas vistas nas imagens foram detidas pela polícia, e as supostas evidências foram comprovadas como falsas. A senhorita Williams é uma aluna exemplar, e esses rumores são extremamente injustos para sua reputação."

Cochichos se espalharam pela sala. Ao meu lado, um garoto soltou um riso abafado. "Ah, sei… meu primo trabalha na delegacia. Ninguém foi preso."

Eu me recostei na cadeira. Magia dos ricos em ação. Quase impressionante como a verdade vira descartável quando alguém mostra um cartão platinum.


Ashley voltou à escola dois dias após o anúncio. Tentou mostrar a confiança de sempre, mas as olheiras contavam outra história.

Quando me avistou perto do meu armário, seus olhos se estreitaram. Ela chegou a abrir a boca, mas pareceu pensar melhor, baixou os olhos e acelerou o passo.

Ainda mais reveladora foi a reação de Orion. Quando Ashley se aproximou dele antes do Modelo ONU, ele educadamente, mas firmemente, se desculpou. Mais tarde, quando o clube se dividiu em grupos de trabalho, Orion fez questão de escolher um grupo no lado oposto da sala.


Eram quase 19h quando Max saiu da biblioteca da escola após uma sessão de estudos prolongada. Eu estava a meio caminho da escola quando ouvi a confusão—a voz de um garoto, tensa mas desafiadora, e os tons mais graves de homens rindo.

"Por favor, isso tem meus materiais de competição. Estou me preparando há três meses!"

Virei a esquina e encontrei Max cercado por três caras com aparência rude. A mochila dele estava nas mãos de um dos homens, e outro segurava seu celular. Os óculos de Max estavam tortos no nariz, e ele se apoiava pesadamente na perna boa.

"Parece um equipamento chique," um homem zombou. "Provavelmente vende por alguns centenas."

"Podem ficar com minha carteira," pediu Max. "Mas, por favor, eu preciso desse celular. Todos os meus dados de física estão nele."

O cara mais alto empurrou o ombro de Max, fazendo-o cambalear para trás. Max perdeu o equilíbrio, sua perna ruim cedeu e ele caiu na calçada.

Saí das sombras. "Devolvam as coisas dele. Agora."

Os três homens se viraram e suas expressões mudaram.

"Não vou falar de novo," eu disse, com a voz mortalmente calma.

A mochila caiu no chão primeiro, seguida pelo celular, que bateu no concreto. Sem dizer mais nada, os homens se dispersaram em direções diferentes.

Ajudei Max a se levantar. "Você está bem?"

Ele assentiu, tirando a sujeira das calças. "A tela do meu celular quebrou. Mas acho que ainda funciona." Ele olhou para mim, confuso. "Por que eles ficaram com tanto medo de você?"

Dei de ombros. "Já nos encontramos antes."

"Quando?"

"Há alguns dias. Eles não gostaram da experiência." Fiz sinal para ele me seguir. "Vamos. Vamos para casa."


"Espere aqui," eu disse a Max quando chegamos à nossa rua. "Preciso verificar uma coisa."

Entrei na loja de conveniência 24 horas com o caixa eletrônico embutido. Vasculhando minha mochila, encontrei o único cartão bancário que eu tinha—o que a escola nos fez fazer para os pagamentos de mensalidade. Inseri o cartão e verifiquei o saldo.

R$ 100.000.

Fiquei olhando para o número por um momento, depois soltei um riso suave. "Sério? É isso que vale uma vida para a família Haxton?"

Ainda assim, era o suficiente para o que eu precisava. Vinte minutos depois, saí de uma loja de eletrônicos de alto padrão com duas caixas contendo os modelos mais recentes de iPhone.

Quando cheguei em casa, Max estava em seu quarto, tentando freneticamente recuperar os dados do celular danificado. Bati uma vez, depois entrei sem esperar resposta.

"Aqui," eu disse, jogando uma das caixas na cama dele. "O seu já tava bem ultrapassado."

Max olhou para a caixa, depois para mim, boquiaberto.

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