Capítulo 7
Aiden
Não me entenda mal—não sou um sádico.
Ou um babaca. Pelo menos... não completamente.
Tudo que fiz naquela manhã, fiz por ele. Os exercícios, o ritmo, a precisão—tudo fazia parte do plano. Uma rotina de treinamento estruturada e personalizada para transformá-lo no melhor quarterback que ele poderia se tornar.
...Com um toque extra de pressão. Por diversão.
E porque eu podia.
Batata, batatinha.
Ele queria disciplina? Ele estava recebendo.
Ele queria liderar um time? Então tinha que aprender a seguir primeiro.
Além disso, foi assim que fui treinado—como me tornei o jogador estrela que todos adoravam antes das luzes se apagarem e minha carreira acabar cedo demais. Alguém me empurrou além dos meus limites uma vez, me forçou a enfrentar minhas fraquezas e afiar cada aresta. E agora... era minha vez de fazer o mesmo por outra pessoa.
Mas com Noah, não era apenas legado.
Não era apenas treinamento.
Quanto mais tempo eu passava com ele, mais ele me lembrava de mim mesmo—jovem, arrogante, brilhante, e queimando com uma ambição que ele ainda não sabia como controlar.
E quanto mais ele me deixava moldá-lo, testá-lo... mais ele deixava de ser apenas um jogador. Ele estava se tornando meu projeto. Minha responsabilidade.
Meu mais novo e bagunçado vício.
Eu o observei pelo espelho enquanto ele se esforçava sob as faixas. Sua camisa grudava nas costas, úmida de suor, a coluna tensa, os braços tremendo. Seu corpo lutava. Seu ego se rebelava.
Mas ele obedecia.
E caramba, se isso não fazia algo primal se enrolar no meu estômago.
Quando o treinamento físico terminou, Noah estava pronto para ser meu secretário.
Ele apareceu depois do café da manhã saudável que eu havia prearranjado para ele, pontual e sem uma única reclamação.
Até minhas próximas instruções, é claro, quando ele inevitavelmente tinha que fazer seu escândalo habitual.
Fechei a pasta na minha frente e olhei para o relógio. "Você tem trinta e cinco minutos."
Noah me lançou um olhar. "Você tá de sacanagem comigo..."
"Imprimir. Destacar. Memorizar. Você tem sua lista." Entreguei-lhe as anotações com uma caneta presa na borda. "A não ser que você precise que eu soletra de novo?"
Seu maxilar se apertou, mas ele arrancou a pasta e saiu furioso sem dizer uma palavra.
Eu sorri.
Exatamente trinta e três minutos depois, ele voltou—papéis devidamente destacados, anotações rabiscadas nas margens com uma caligrafia surpreendentemente decente. Ok, talvez não decente. Mas era legível. Na maior parte. Ele colocou a pilha na mesa como se fosse uma oferta e ficou ali.
Esperando.
Eu não olhei para cima.
Em vez disso, virei para a próxima seção do cronograma do dia e disse, "Consulta de reabilitação em vinte minutos. Espero que você saiba o resumo do relatório do Dr. Patel até lá."
Ele não se mexeu.
"Você está dispensado."
Mesmo assim, ele hesitou. Eu podia sentir a tensão vindo dele—expectante, inquieto, esperançoso. Como um cachorro esperando por um petisco que nunca vem.
Mas eu não disse bom garoto.
Nem mesmo disse obrigado.
Ele se virou bruscamente e saiu bufando.
Mas, quando nos encontramos para a consulta de reabilitação, ele tinha o relatório memorizado.
Palavra por palavra.
Eu o testei. O pressionei. Fiz perguntas em ordem diferente, interrompi-o no meio da resposta. E caramba se ele não acompanhou.
"Marcadores de inflamação?" Perguntei de repente.
"Reduzidos em 17%, o que o médico atribui ao protocolo de gelo ajustado."
Levantei uma sobrancelha. "E a nova meta de amplitude de movimento?"
"Setenta e cinco graus até a próxima semana."
Assenti. "Você poderia ter dito apenas 'sim', Blake."
Ele me encarou. "Eu—sim. Desculpe."
"Você não está arrependido," murmurei, rabiscando no prancheta. "Você está apenas se esforçando demais."
Ele se irritou. "Estou fazendo o que você pediu."
"Você está fazendo o que eu espero. Não é a mesma coisa."
Ele soltou um suspiro forte pelo nariz, mas não disse nada.
O resto do dia foi assim—obediência sem elogios, tarefa após tarefa completada com os dentes cerrados e um silêncio crescente. Ele estava fazendo tudo certo, e eu não lhe dava sequer um aceno de aprovação.
Pelo menos, não externamente.
Mas por dentro?
Eu estava impressionado. E esse era o problema.
Porque quanto mais ele obedecia... mais eu queria quebrar as regras que eu mesmo estabeleci.
A academia estava silenciosa ao anoitecer. Todo mundo já tinha ido embora, mas eu ainda não tinha terminado. Não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar.
Então eu treinei.
Não pelo time. Não pelo próximo jogo ou métricas de desempenho. Por mim mesmo.
Para provar que ainda conseguia.
Eu estava na metade da segunda série de remadas quando os vi—os fones de ouvido do Noah, pendurados no banco como se ele os tivesse deixado lá com pressa.
Caminhei até lá e os peguei.
Um lado estava rachado. A espuma estava gasta. Definitivamente não eram equipamentos de primeira linha—mas de alguma forma, tão a cara dele. Teimoso. Briguento. Se esforçando pra caralho.
Coloquei-os de lado, mas não antes de um sorriso surgir no canto da minha boca.
Minha mente vagou. Claro que vagou. Para os ombros dele, tensos e brilhando mais cedo. Para a forma como ele se movia nos exercícios como um homem possuído—músculo sobre músculo, magro mas mortal. Poderoso. Tão jovem. Tão vivo.
Valioso.
Tanto potencial que me fazia doer os dentes.
Meu sorriso desapareceu.
Porque eu me lembrava de como era ter aquela força.
E como tudo podia desmoronar tão rápido.
Me virei para a máquina de cabos, ajustei as configurações e apertei mais a cinta em volta da minha perna esquerda.
Comecei os movimentos lentamente—elevações controladas, alta resistência. Sem atalhos. Sem trapaça.
Meu quadríceps queimava. O tecido cicatricial gritava. A antiga lesão se inflamava como sempre acontecia quando eu forçava demais—mas eu não parei. Não podia.
Vamos lá.
A quinta repetição vacilou. Minha perna cedeu por meio segundo antes de eu forçá-la de volta ao lugar.
"Merda," murmurei, limpando o rosto.
Esse era o preço por ser quase ótimo.
Por chegar tão perto—e perder tudo.
Continuei.
No final, minha camisa estava encharcada. Meu corpo pulsava de dor e adrenalina. Peguei uma toalha, passei pelo pescoço e fui para o chuveiro.
A água bateu na minha pele como um tapa. Me apoiei nos azulejos, deixando o jato escorrer pelas minhas costas, meus ombros, meu peito.
E lá estava ele de novo.
Noah.
Não na academia, não nos exercícios—mas na minha mente.
Sua pele ruborizada sob as luzes. Sua camisa subindo para expor os músculos do abdômen. A forma como seus lábios se abriam quando ele estava sem fôlego—quando ele estava se esforçando tanto para me agradar.
Imaginei os dedos dele em mim. Rudes. Curiosos. Aprendendo.
Seu corpo pressionado contra o meu, tremendo não de esforço... mas do limite da rendição.
Sua boca descendo pelo meu estômago. Sua voz sussurrando "Senhor", não com desafio, mas com reverência.
Minha mão deslizou para baixo.
E por um glorioso, torturante momento—me permiti imaginar como seria possuí-lo.
Não apenas treiná-lo.
Mas submetê-lo completamente.
Minha mente estava alimentando a fantasia dele—minha mão lentamente envolvendo meu comprimento... quando ouvi a porta da academia abrir e fechar.
Congelei.
A água ainda correndo, coração batendo forte, mão cerrada ao meu lado.
E então ouvi os passos.
Leves. Hesitantes.
Familiar.
Noah.











































































































































