7- Luxo, fechaduras e corações trancados
POV Isabella:
Inquieta, olhei ao redor—sem saber exatamente para onde, apenas olhando. E então eu vi—aquele sorriso que apareceu quando nossos olhos se encontraram.
Caramba. Inclinei-me para trás, sorrindo também, me perguntando o que eu tinha feito para merecer esse presente do universo. De todas as coisas que eu tinha imaginado, isso nem tinha passado pela minha cabeça. Eu tinha desistido de vê-lo novamente. Mas esquecer o quanto ele tinha me afetado? Isso eu não conseguia.
Pensei em me levantar e falar com ele. Por que não?
Olhei para a mamãe—ocupada demais com a tia Paula para notar a troca de olhares—e depois de volta para ele, pegando seus lábios se movendo antes de se separarem levemente, como se formassem uma palavra. Decidida, levantei-me. Ele também.
"Dominic, te fiz esperar?" Uma mulher se aproximou, beijando sua bochecha. Mas ela não ocupou o assento vazio—o executivo a guiou para fora do restaurante, evitando outro olhar para mim.
Fiquei parada, observando-os sair. Ainda incrédula, terminei o resto do meu vinho, meio esperando que ele voltasse—sem a mulher, sem Ellen Castiel, minha chefe.
Mais tarde, fomos para casa exaustas. Tranquei-me no meu quarto sob o pretexto de organizar minhas roupas novas. Mamãe—não sendo boba—tinha notado minha mudança repentina de humor após sairmos do restaurante. Tudo aquilo era estranho, e eu não conseguia entender por que estava tão irritada ao ver Dominic—alguém com quem eu nunca nem tinha falado—esbarrar nele casualmente (o que eu tinha esperado, Deus), com minha superior direta.
Que homem lindo, fiz questão de lembrar. Ele parecia tão casual naquele suéter branco.
Qual é a relação deles? Namorando? Me perguntei, pendurando uma blusa.
E como ele está conectado à WUC? Cliente? Executivo?
Embora eu não o tivesse visto no prédio administrativo, tudo apontava para Dominic estar envolvido com a empresa—ou melhor, com Ellen. Provavelmente namorando, ou pelo menos se conhecendo, dado o rápido beijo na bochecha.
Eles pareciam perfeitos juntos.
"Isabella..." De nada adiantou—ela entrou sem bater. "Tudo bem?"
"Siiim," eu disse, deslizando o cabide na arara, esperando Dona Ana explicar por que tinha interrompido meu devaneio. "O que foi?" perguntei ao seu olhar silencioso e suplicante. "Essa cara... Quer dinheiro? Desculpa, estou sem grana—você é a empresária aqui," brinquei. Ela sorriu brevemente, depois ficou séria. "Mãe, o que foi?"
Ela se encostou na cômoda antes de falar—ou melhor, me irritar.
"Seu tio e sua tia nos convidaram para jantar amanhã," disse lentamente. Eu arqueei uma sobrancelha. "Eu aceitei... por nós duas."
"Eu não vou. Você sabe disso, né?"
"Isabella, chega desse ódio. Supere—"
"Com licença? Você está brincando comigo, mãe?"
"Não, nós somos família!"
"Somos o quê?" O quarto parecia sem ar.
"Querida, eu sei que a Melissa errou, mas todos cometemos erros—"
Joguei a blusa que estava prestes a pendurar na cama.
"Você quer que eu a perdoe? É isso que esse jantar significa?" Minha voz falhou.
"Não! Ela quer apresentar o namorado dela para a família."
"EU NÃO SOU A FAMÍLIA DELA!" gritei, correndo para o banheiro.
"Não grite comigo, Isabella!" ela rebateu. "Chega dessa besteira!"
Rolei os olhos ardendo e liguei o chuveiro, tirando a roupa e jogando-as no cesto.
Aqueles desgraçados não estavam satisfeitos com me humilhar—agora queriam esfregar um namorado na minha cara, como se isso apagasse o que aquela vadia fez comigo. Eu não conseguia engolir isso. Não aceitaria. Mergulhei a cabeça na água quente, tentando lavar a tensão, mas não—o memória se reproduzia vividamente.
Melissa e eu fomos praticamente criadas juntas—ainda que não com os mesmos privilégios, já que meu tio era um empresário rico e mamãe lutava. A princesa tinha tudo: viagens, roupas de grife, uma casa linda, enquanto eu tinha o que podíamos pagar—e nunca reclamei. Apesar da diferença de classe, tínhamos o que eu pensava ser uma amizade verdadeira—até eu encontrá-la nua na cama com Caio, meu namorado.
"Isabella, deixe isso para lá. Você superou tanta coisa," mamãe disse. "Agora mostre a eles que você é melhor do que isso."
Isso me fez pensar: melhor. Talvez eu devesse mostrar a eles que eu estava bem—não mais a garota lamentável que eles podiam pisar, a ressentida pelo erro da princesa.
Dane-se.
Terminei meu banho e voltei para o quarto, onde mamãe estava de guarda. Se havia uma coisa que me fazia ir ao inferno, era a persistência de Dona Ana—impossível competir com a persuasão da pequena mulher. Coloquei meu pijama e me deitei, sua energia impaciente irradiando pela porta.
"Tá bom. Eu vou," declarei, então apaguei o abajur.
