4- Entre mordidas e olhos castanhos
POV Isabella:
"É oficial—estamos atrasados!" Lucca fez questão de nos lembrar, nos estressando ainda mais.
Não podia ser verdade que estávamos atrasados no primeiro dia. Isso era praticamente inaceitável. Ficamos ali, esperando nossa vez, inquietos e ansiosos. Finalmente, as malditas portas de metal se abriram, nós pulamos para dentro, e Raica se apressou para apertar o botão—mas o elevador não se mexeu.
Podia piorar? Podia.
"Está quebrado?" Raica resmungou, apertando os botões como se sua vida dependesse disso. "Gente, não está funcionando!"
Eu olhei para meu relógio de pulso, ficando ainda mais estressada. Tínhamos cinco minutos para chegar lá em cima, e aquela coisa não se mexia. Inclinei minha cabeça, pronta para socar o painel, quando um par de olhos castanhos me paralisou. Tentei desviar o olhar daquela atração magnética, mas não consegui. O calor daquele olhar me mantinha cativa.
Meu Deus, quem é ele? pensei.
Meus olhos timidamente examinaram a obra-prima à minha frente. Jesus... Eu olhei de volta, atordoada, estúpida, e um sorriso sugestivo se formou naqueles lábios que eu de repente queria para mim. Enquanto tudo ao nosso redor parecia frenético, nós nos saboreávamos como aperitivos—até que o elevador decidiu funcionar.
Droga!
Aproveitei para respirar novamente... O que foi isso?
Tentei pensar direito enquanto o elevador subia, mas as sensações inundando meu corpo me deixavam confusa. Uma mistura de curiosidade e fascinação—estupidamente interessante.
"Acho que você tem um fã," Lucca sussurrou no meu ouvido.
"O quê?" murmurei, com medo de que alguém pudesse ouvir.
"Você viu como ele estava olhando para você?"
"Quem?"
"O executivo gato."
"Não... Eu..."
"Chegamos," Renan disse, aliviado.
O grupo passou por mim, ousado e apressado, enquanto minha mente sobrecarregada processava aquele rosto—intenso, atraente e magnético. Havia algo incomum nele, algo que eu não conseguia explicar ou entender. Tudo que eu sabia era que aquele cara despertou algo adormecido dentro de mim.
Não fomos repreendidos—na verdade, o supervisor Maico foi compreensivo sobre a falha do elevador.
A segunda metade do dia passou voando. O treinamento fluiu com uma lição crucial: pensamento rápido. Eles eram rigorosos com cada detalhe, o que explicava os altos padrões da empresa—e a leve dor de cabeça que tive com a sobrecarga de informações do primeiro dia.
Fomos dispensados.
Demorei um pouco mais para arrumar minha bolsa, então fui a última a sair da sala. Já tinha combinado de ir para o metrô com Lucca, então não foi surpresa encontrá-lo no saguão.
"Lucca, desculpa, me enrolei um pouco..."
"Tranquilo, garota."
Usamos o tempo de espera para rir de alguns momentos constrangedores durante o treinamento. Mais uma vez, o elevador demorou uma eternidade—eu estava começando a odiá-lo, especialmente com o cansaço do dia se acumulando.
O painel iluminou com o número do andar, e as portas se abriram...
Nossa!
Tudo que eu deveria fazer—como entrar—desapareceu, e eu fiquei parada ali, feito uma idiota.
O cara... todo ele.
Lucca entendeu, entrou primeiro e me puxou para dentro. Meu novo amigo até fez espaço para que eu pudesse me espremer—ou melhor, ficar entre os homens. Um perfume diabólico encheu minhas narinas, delicioso e provocante. Eu deveria ter desviado o olhar, mas não ousei, mesmo com meu rosto queimando sob o olhar conquistador dele.
Elevador, quebre agora? Eu pensei. Seria uma ótima ideia.
Por outro lado, Lucca estava aqui—o que poderia acontecer? Suspirei de frustração.
O elevador parou—infelizmente—nos obrigando a sair. Lucca foi na frente, e eu percebi que não tinha meu crachá quando ele passou o dele na catraca. Parei para procurar na minha bolsa, e ele passou por mim, ao telefone.
Uma voz rouca.
"Sim, é o Dominic..." Congelei minha busca. Então o nome dele é Dominic! "Vá em frente... Claro..."
Fucei minha bolsa o mais rápido que pude para segui-lo. De longe, no saguão, fiquei ali feito uma tola, vendo um funcionário uniformizado entregar-lhe uma chave enquanto ele ainda estava ao telefone. Parecia uma conversa formal, julgando pela expressão séria dele—que eu admirava mesmo de longe. Assim que desligou, guardou o telefone no bolso, desabotoou o único botão do seu elegante terno azul, e desapareceu no seu Porsche.
"Isabella! Você está bem?" meu novo amigo perguntou, preocupado.
Virei-me para ele e forcei um sorriso.
"Sim, eu... eu..." Gaguejei feito uma idiota.
Estúpida, Isabella... estúpida.
A questão era: Por que eu ainda estava parada ali como se precisasse de algo para me mover?
Inalei e exalei, procurando a sanidade que eu tinha perdido em algum lugar no caminho.
Droga, perdi a cabeça!
"Você está encantada com o executivo misterioso, hein?" o guru provocou.
"Não... Eu! Nãooooo... Claro que não! De jeito nenhum!" Tentei disfarçar—em vão. Ele percebeu, claro que percebeu! Quem não perceberia?
Peguei um elástico do bolso lateral da minha bolsa e prendi meu cabelo em um coque bagunçado.
"Ah, com certeza!" Lucca insistiu, zoando comigo.
Não, sem piadas—isso era sério. Eu praticamente tinha sido hipnotizada pelo rosto dele... ou... Dominic.
"Tanto faz... Esquece!" Descartei as provocações do meu amigo. "Estou só muito cansada—tonta, só isso."
Ele sorriu cético, mas não insistiu.
Quem diria que um primeiro dia poderia trazer tantas novas—ou talvez irresistíveis—sensações?
