10- Coincidências
POV Isabella:
“Isabella, junte-se a nós,” disse o Tio Jorge quando me viu chegando.
Dei uma volta rápida pela sala, ainda tonta e sem saber onde colocar as mãos. Era difícil entender — pelo menos eu não entendia — o que Dominic estava fazendo ali, no sofá, ao lado da minha mãe. Fingi naturalidade e sorri, caminhando até eles. Minhas pernas pareciam fora de controle, e meus joelhos estavam fracos. Parecia que eu tinha ganhado na loteria, porque meu coração disparou e eu achei que ia ter um ataque cardíaco.
Pensando bem, eu tinha ganhado na loteria.
Ele, em carne e osso — muita carne — bem ali!!!
Fiquei perdida quando cheguei, sem saber para quem olhar, embora só tivesse olhos para ele.
MEU. PAI. AMADO.
Eu estava prestes a surtar.
“Isabella, querida,” começou a falsa anfitriã, “este é o Ruben, meu querido genro.”
Ruben, que antes estava sentado ao lado da namorada, se aproximou e me cumprimentou com um aperto de mão.
“Prazer, Isabella,” ele disse com um sorriso muito parecido com o do homem que o acompanhava. Ele era bonito, com cabelos pretos e olhos verdes que se destacavam imediatamente com sua expressão atenta. “Esse é meu primo, Dominic.”
Ok, seu primo, entendi. AH-HA-HA!
Dominic era primo do namorado da Melissa.
Ah, destino, isso era uma piada? Tinha que ser.
“Seu primo?” Engoli em seco.
Ah, merda!
“Sim, meu primo.” Ele riu, não sei se porque achou que eu era uma idiota por perguntar ou por causa da expressão patética que eu estava mostrando. Meu rosto estava queimando.
Dominic, o cara que tinha me abalado profundamente, o mesmo cara que mantinha meus desejos mais obscenos sob controle, e que eu homenageava dando seu nome ao meu vibrador. Sim, ele era primo do Ruben, namorado da Melissa!
Puta merda...
Entendi! Entendi!
Mil vezes, entendi.
“Prazer, Isabella, finalmente.”
Oh, Deus, não faz isso.
O fogo no meu traseiro me incomodava, ele era grande demais, bonito demais, cheiroso demais, muito... HOMEM.
Eu precisava relaxar, senão ia me entregar.
Porra, Isabella, você estava no cio? Um pouco.
Controlei minha respiração — quase a ponto de um ataque cardíaco — e dei um sorriso tímido.
“Oi!” Foi o que eu disse. Quem diz oi para um homem assim? Isabella Kensington (a idiota). “O prazer é meu.”
Assim está melhor, garota.
Dominic, por sua vez, pegou minha mão gentilmente. Senti um choque elétrico no contato e, como um príncipe maldito, ele beijou o dorso dela. Fiquei paralisada, assistindo a essa ação inédita como uma estrela de cinema. Homens comuns não faziam isso, faziam? No entanto, é importante notar que o homem me olhando não era comum, inexplicavelmente não.
“Vocês já se conheciam?” Melissa perguntou, atraindo nossa atenção.
Vaca!
"Sim, no prédio da administração da WUC," Dominic explicou, e eu comecei a saborear o timbre rouco, sexy e de fazer molhar a calcinha que escorregava da boca dele. O pior, e mais embaraçoso, foi estar flutuando no elevador, encontrando o magnetismo inexplicável que atingia tudo dentro de mim.
Fogo duplo!
"Ah, certo!" A garota curiosa me trouxe de volta. "Isabella trabalha lá, que coincidência."
"Sim, que coincidência..." Ele não conseguiu esconder sua surpresa, nem eu. Mais um pouco e eu não conseguiria esconder o burburinho no meu estômago.
"Minha linda sobrinha é muito trabalhadora, ela ganhou uma bolsa de estudos, não foi, querida?" A megera que se casou com meu tio não perdeu a oportunidade e enfatizou a palavra bolsa, como se houvesse algum resquício de vergonha na minha conquista. "Dominic, querido, não é a UNIVERSIDADE WIS a universidade da sua família? A Mel disse algo sobre isso..."
Hã?
Meus olhos saltaram.
Tenho certeza de que todo o sangue do meu corpo correu para o meu cérebro. Eu esperava qualquer coisa, até que Dominic tivesse laços familiares em Marte, qualquer coisa menos aquele cara... Puta merda!!! Como eu perdi isso? Dominic Whitmore, herdeiro e CMO da WIS. Tudo fazia sentido. A reunião fazia sentido. A elegância fazia sentido. O gosto fazia sentido. A única coisa que não fazia sentido era que sua prima estava namorando meu primo traidor, e nosso segundo encontro foi em um ninho de cobras.
Droga, eu estava sem sorte!
O ninho de cobras não era o melhor lugar para encontrar aquele...
Ele é meu chefe! Ele é meu chefe!
Ah, não, eu estava excitada pelo meu chefe, e... Droga, eu tinha testemunhado ele encontrando meu outro chefe.
Eu estava tonta.
Balancei a cabeça, atordoada por tanta informação, mas peguei o desconforto de Dominic com a Tia Paula a tempo. Ele deu a ela um olhar que eu não peguei no momento, mas ela parou de sorrir.
"Você jura que é uma das vencedoras da bolsa deste ano?" ele perguntou animado, em contraste com o meu humor preocupado. Sua expressão era clara, ele entendeu a situação imposta pela dona da casa, exposição desnecessária. Víbora! "Então eu tenho que te parabenizar, porque entrar na WIS pagando é uma coisa, só precisa ter dinheiro, mas entrar como bolsista é outra história, somos muito criteriosos e o processo de seleção é feroz. Só os melhores entram."
Eu sorri. Óbvio!
Hum, sou só eu, ou eu estava variando, mas ele piscou para mim e concluiu com um sorriso que movia todo o rosto?
Ahhhhh, ele tem uma covinha na bochecha direita. Fofo, gostoso, e meu chefe.
Puta merda!
"Uau, Isabella, parabéns, sou fã sua, te digo por experiência, já tive o desprazer de calcular o nível da prova, é muito difícil e muito competitivo," Ruben me parabenizou e eu estava perdida em meio a tantos elogios.
Francamente, eu queria mostrar o dedo do meio para a tia Paula e dizer: vai se foder, sua megera, mas eu te respeitei, porque sou uma garota muito educada. Onde estava a dona Ana? Virei-me e a encontrei com um sorriso modesto, mas eu sabia que ela estava morrendo de vontade de rir da cara do idiota que tentou me menosprezar.
“Minha filha é sensacional.”
“Não há dúvida disso,” enfatizou o executivo, e seu timbre provocativo arrepiou minha pele.
“Obrigada, estou muito feliz,” disse, forçando um sorriso que saiu nervoso. Ainda era difícil ter Dominic tão perto. Real, e com um olhar que eu precisava fotografar por horas antes de dormir.
Olhos castanhos quentes.
Memorizei as íris âmbar, minha barriga contraindo à vista. Inevitavelmente marcaria meu momento com Dominic — meu vibrador.
“Isabella sempre foi muito esperta,” comentou a traidora, me puxando de volta de uma síncope sexual. “Eu até tentei, mas nunca consegui alcançar seu intelecto.”
“Mas ela vai para a Califórnia no meio do ano,” meu tio finalmente disse.
“Qual universidade?” Dominic se interessou. “Nossa sede é lá, ficaríamos encantados em recebê-la, Melissa.”
“Tenho certeza que sim, mas fui para a UCT em Los Angeles. Estou feliz, sempre sonhei em morar lá, então está tudo bem.”
Considerando nosso passado, era impossível não olhar para Melissa com olhos mais brandos, sem farpas. Ser aceita na UCT foi sensacional, o sonho de morar juntas em Los Angeles era algo que compartilhávamos desde pequenas.
“Acho que ela terá um futuro promissor estudando no exterior.”
Meu tio adicionou um pouco de sua estupidez à conversa.
Então não seria possível alcançar tal nível no Brasil?
Fitei minha mãe, meus olhos queimando, ao ponto de querer mandar toda a família que tinha meu sangue se foder. Mas algo me parou, e também fez minha pele arrepiar ao mesmo tempo que ganhou minha total atenção. Dominic, que vinha se aproximando um pouco mais durante a conversa, sem qualquer aviso, colocou sua mão quente na nuca, massageando levemente. Eu podia sentir seu toque misturado com alguns fios de cabelo. Eu estava imóvel, perdida, envolvida, excitada. A tia Paula tomou a palavra para si, otimizar as conquistas da namorada para Ruben, e a atenção se voltou para ela. Com isso, não senti mais a necessidade de continuar a guerra de egos, enquanto o homem ao meu lado continuava a me tocar discretamente.
“Desculpe se estou sendo ousado...” O hálito quente desceu rapidamente pelo meu pescoço. Virei-me para olhá-lo, e não houve tempo para ele se afastar, então nossos rostos quase colidiram. “Essência de morango...” Ele inalou meu perfume e praticamente invadiu meus olhos. EU. VOU. DESMAIAR. “Isabella, a tentação do elevador, encontrar você aqui é no mínimo um desejo realizado...”
Galante, sedutor filho da mãe.
Saboreei cada palavra no meu paladar, menta com pimenta, era o gosto que encharcava minha língua. Engoli a deliciosa prévia do beijo dele. Tentei pronunciar uma palavra coerente, mas nada saiu, nem mesmo o ar que ficou preso na minha garganta quando o tive assim.
“Dominic, por favor, quero te mostrar minha humilde adega...” Um estalo, e nos afastamos.
Por um momento, todos desapareceram da sala, havia apenas ele e eu naquele sopro de contato.
“Nada como a da família Whitmore, mas o Ruben diz que você é um conhecedor de vinhos.” Os olhos do meu tio tomaram conta da minha sanidade.
“Seria um prazer, Jorge.”
“Venha comigo.” O anfitrião liderou o caminho, levando Dominic com ele.
Aproveitei para respirar novamente.
Porra! O que foi isso?
Procurei, desorientada, pelos olhos da mulher que me trouxera. Ela tinha notado? Oh, Deus! Alguém tinha notado? Bem, olhei para a Mamãe, claro, e um sorriso sugestivo apareceu no rosto dela, mas não prestei atenção naquele momento porque minha garganta estava seca. Precisava de algo para beber, de preferência vodka.
“Preciso de água,” disse para mim mesma, visualizando a bebida no aparador um pouco mais distante. Caminhei desconfortavelmente, sentindo alguns olhares fervendo contra minhas costas. O reflexo no espelho acima do aparador não escondeu os olhos de águia da Tia Paula; também vi Melissa aconchegada ao namorado, que compartilhava os holofotes com minha mãe.
Enchi o copo e aproveitei a água gelada, meu corpo ardente esfriando.
Suspirei ao tocar a área que ainda estava sensível ao toque de Dominic. Droga, o homem tinha tirado todo o meu fôlego!
Enchi o copo novamente e bebi rapidamente. Teria consumido todo o líquido gelado de que precisava para me equilibrar, mas as vozes dos homens se aproximaram. Droga! Corri pela sala como um raio e me sentei, como uma santa, ao lado da Dona Ana, que conversava com Ruben e Melissa.
A insuportável Tia Paula tinha saído em algum momento, o que passou despercebido por mim. Obrigada, Deus! A ausência daquela mulher deixou o ambiente mais leve. Os homens ausentes retornaram com taças de vinho nas mãos. Me peguei babando, sem nenhuma vergonha do executivo. A camisa jeans dele estava apertada contra o peito, dando-lhe um volume notável, então percebi que ele certamente era forte por baixo dela. Os punhos da camisa estavam dobrados, tornando seus antebraços esculpidos óbvios, e as calças cáqui bem ajustadas davam um excelente acabamento ao conjunto.
Eu imaginei seu pau? SIM! Não pude evitar.
“Meus queridos, gostaria que se juntassem a mim à mesa,” declarou a dona da casa, e não tivemos escolha a não ser acompanhá-la.
Qual era o sentido daquele jantar quando, no meio de tudo, eu queria ser o prato principal do bilionário?
