1- O primeiro dia de Isabella na Universidade WIS
POV Isabella:
"Chegamos!" minha mãe disse animadamente assim que estacionou em frente ao prédio azul.
"É, chegamos," murmurei, virando-me para olhar pela janela o prédio todo espelhado do lado de fora. Rapidamente estimei quantos andares a estrutura luxuosa poderia ter—talvez trinta, já que, mesmo esticando o pescoço, não conseguia ver o topo.
"Relaxa, bebê da mamãe, vai dar tudo certo."
"É, vai sim." Respirei fundo e me recostei no banco. "Meu primeiro dia como estagiária." Sussurrei o motivo celebrado de eu estar ali.
Ana leu cada sinal que meu corpo emitia, sorriu calorosamente—aquele tipo de sorriso que poderia mudar o mundo—e me puxou para um abraço encorajador. Pronto, derreti.
Nos braços dela, as lágrimas vieram à tona enquanto todas as nossas lutas ressurgiam só para me lembrar: eu venci, estou aqui, e isso é real.
A WIS UNIVERSITY CONECT tinha sido meu sonho desde o ensino médio, na época em que faculdade era apenas uma possibilidade distante. Eu passava horas navegando pelo site da instituição, fantasiando sobre o dia em que pisaria na filial brasileira. A universidade de nível internacional tinha sua sede na Califórnia, e o Brasil havia se tornado seu foco há alguns anos.
Eu não podia acreditar. Lembro-me do dia em que passei horas olhando para a tela do computador, paralisada, sem conseguir processar o e-mail que acabara de receber. Além disso, estava completamente paralisada, lágrimas escorrendo enquanto lia e relia cada parágrafo. A sensação explosiva de um sonho se tornando realidade era demais para o meu peito. Eu tinha lutado tanto, estudado dia e noite, e sim—cada segundo daquela batalha valeu a pena. Eu era a mais nova estagiária bolsista da WIS UNIVERSITY CONECT, a principal universidade internacional do país.
"Ok, Isabella, o Brasil tem universidades excelentes. Por que a WUC?"
Sim, eu entendo. Não estou desmerecendo nossa educação—longe disso. Meu interesse pela WUC era o estágio e a bolsa de estudos, a chance de trabalhar e estudar em uma grande corporação. A cada dois anos, abriam-se vinte e cinco vagas—as mais concorridas do país, atraindo estudantes de todo o Brasil. A competição era feroz, e até então, impossível para estudantes de escola pública como eu.
Vamos ser honestos, que chance tem um estudante de escola pública contra alguém da educação privada? Zero. Nojento e vergonhoso para o nosso país.
Enfim, terminei o ensino médio e passei dois anos me preparando em um cursinho, pago com imenso sacrifício—muitas vezes atrasando contas em casa, privando minha mãe e eu de passeios, pizzas de sexta-feira ou até mesmo churrascos simples e baratos com amigos.
A luta se tornou meu combustível. E sim—eu consegui!
"Isabella, fique calma, levante o peito e o queixo, e vá..."
Sempre brincalhona, minha mãe me fez sorrir, mas não relaxei. Meus olhos nervosos fixaram-se na mulher mais importante da minha vida, a quem devo tudo.
"Seus lábios precisam de cor. Que tal um batom vermelho para dar sorte e afastar o mau-olhado?"
Chequei meu reflexo no espelho retrovisor—ela estava certa, eu precisava de um toque final. Pisquei para ela e peguei o cosmético. Lábios vermelho-sangue. Perfeito.
Não optei por uma maquiagem pesada, já que não conhecia as regras da empresa ainda, então apenas delineei os olhos e acrescentei um blush para um brilho rosado.
Detalhe importante—sei que isso pode te confundir: como mencionei, a WUC concedeu aos candidatos aprovados tanto o estágio quanto a bolsa de estudos. Aquela manhã era meu primeiro dia como estagiária; as questões sobre a faculdade seriam esclarecidas durante o treinamento. Falando nisso, eu precisava me apressar—já estava quase atrasada.
"Perfeito," ela disse, avaliando o resultado. "É melhor você ir. Chegar atrasada no primeiro dia não pega bem."
"Certo, vamos lá. Me deseje sorte."
"Boa sorte, Isabella." Suas palavras soaram como um lindo encanto. "Você merece isso, querida. Você dedicou os últimos dois anos a esse sonho, então vá lá e abrace seu futuro." Um calor gostoso cresceu no meu peito, me fazendo rir, mas também chorar em uma mistura esplêndida de emoções que bagunçou meu rosto. "Eu te amo, mãe!"
"Eu te amo mais!"
Dei-lhe um último abraço, enxuguei minhas lágrimas e saí para a calçada. Fiquei ali por um tempo, paralisada, observando as pessoas indo e vindo enquanto minha mente corria sobre como seria minha vida a partir de agora. A menina de uma família humilde conseguiu! Não consegui evitar que o pensamento escapasse, assim como todos os outros que alimentaram minha raiva ao longo dos anos. Eu me enterrei nos estudos para alcançar este sonho, me tranquei no meu quarto para me reconstruir depois que a traição me apunhalou pelas costas, e a decepção me derrubou.
Respirei fundo, tentando focar nos pensamentos positivos, nas coisas boas que me trouxeram até aqui.
Tenho tudo que sonhei. Agora, tudo o que falta é... Dei um passo em direção à entrada. Entrar.
O prédio administrativo da WUC capturou meus olhos por longos segundos—elegância e tecnologia em um nível surpreendente. Jesus! Parei em frente à recepção, medindo mentalmente o comprimento do balcão branco impecável que se curvava por grande parte do saguão. Falhei—meus olhos não conseguiam seguir a arquitetura única até o fim. Lá dentro, as recepcionistas sorriam calorosamente, seus dentes tão brancos que quase me cegaram. Coques perfeitos no topo de suas cabeças, nem um fio fora do lugar. E a beleza delas... tinham que ser modelos. Engoli em seco, encolhendo-me sob o luxo.
Caramba! Endireite esses ombros, Isabella.
Refinei minha postura, respirei fundo e me obriguei a seguir em frente. Quando me aproximei, uma enorme tela acima exibia um comercial da WUC, preenchendo os últimos segundos antes de eu chegar à recepção.
Nervosa, mãos suando, coração disparado, olhei para a mulher.
"Bom dia, senhorita! Como posso ajudá-la?" A modelo disfarçada de recepcionista me cumprimentou. Forcei um sorriso, rapidamente pegando meu documento de identidade da bolsa e entregando-o a ela com unhas perfeitamente pintadas de vermelho. "Isabella Kensington," ela verificou o documento, "como posso assisti-la, Senhorita Isabella?"
"Meu primeiro dia. Faço parte do programa profissional." Expliquei, e ela começou a digitar no seu Mac. Caramba! A recepção tinha Macs. Não consegui esconder minha empolgação—talvez meu departamento tivesse a mesma qualidade. E uau, só de pensar no meu velho laptop que mal ligava, meus olhos brilharam de felicidade. "Meu supervisor de treinamento é Maico Oliveira."
"Sim, vejo aqui." Ela devolveu meu documento junto com um crachá que parecia um cartão de crédito. "Senhorita Isabella, este é seu passe de acesso temporário. Após o treinamento, registraremos suas digitais para entrada direta nas catracas. Seu treinamento é na primeira sala à esquerda, no décimo primeiro andar. Alguma dúvida?"
"Não, obrigada!"
"Bem-vinda à WIS UNIVERSITY CONECT!" ela disse calorosamente.
Levantei o crachá, minha visão já embaçada.
"Obrigada!" Eu disse novamente, sentindo as emoções ameaçarem meu equilíbrio. Fui até o elevador, que chegou rapidamente, e entrei na caixa espelhada, verificando minha aparência novamente—a roupa simples que escolhi para o primeiro dia, meu cabelo sempre rebelde. Ugh. Franzi os lábios, insatisfeita com o reflexo nervoso que me encarava. "Relaxa, Isabella, ou você vai ter um ataque cardíaco, e tudo isso terá sido uma perda de tempo," aconselhei meu sistema nervoso. As portas se abriram.
Segui as direções da recepcionista até uma sala espaçosa cheia de conversas. Absorvi o máximo de informações possível enquanto pairava perto da porta. Nada diferente do que o prédio já havia me mostrado. Meus olhos pousaram nos grupos que se formavam—um na frente com três pessoas: um homem e duas mulheres, que imediatamente chamaram minha atenção por serem impecavelmente elegantes.
São os instrutores? Me perguntei, quando outro par se destacou—um cara e uma garota, aparentemente da minha idade, mas com um estilo incrível.
"Isabella!"
Procurei a voz e vi um cara sorridente caminhando em minha direção.
"Oi..." respondi, confusa, tentando reconhecê-lo.
"Você não se lembra de mim? Sou eu, Lucca!" Estreitei os olhos, vasculhando minha memória. Nada, sem ideia!
"Eu..." Tentei mascarar a resposta que piscava na minha mente.
"Durante a entrevista, no prédio de seleção, conversamos brevemente na sala de espera." Ele esclareceu. Quase ri—isso foi breve? Não lembro desse cara de jeito nenhum, e sou péssima com rostos.
Droga.
